ANIVERSÁRIO DE MONTES CLAROS: QUEM FAZ A CIDADE SÃO AS PESSOAS

“O pequi é uma maravilha que Deus plantou no mato para nós!” Com este depoimento de amor pela profissão e pela cidade, a vendedora ambulante Emerita Chaves (62), moradora do Bairro Cândida Câmara, região oeste de Montes Claros é uma representação de quem, verdadeiramente, sustenta este gigante em movimento. São 164 anos de uma história marcada pela caminhada de um povo que faz a cidade acontecer, uma população de quase 500 mil habitantes, segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que move a ‘Princesa da Norte’ de Minas Gerais. Milhares de cidadãos povoam do Bairro Major Prates, região Sul, ao Bairro Morrinhos, Sudeste da cidade: são donas de casa, vendedores ambulantes, varredores de rua, lavradores e fazedores de cultura, que movem a economia com o seu trabalho diário.

Este é um movimento que começa logo cedo, pela necessidade de lutar por uma melhor qualidade de vida. Como é o caso da diarista Silvana Pinheiro (36) moradora do Bairro São Geraldo, nascida na Comunidade de Vista Alegre, atual Água Boa, zona rural da cidade. Ela descreve que Montes Claros é um bom lugar para se viver, mas que as oportunidades poderiam ser mais igualitárias.

“Sinto que faço parte deste movimento, assim como outras pessoas, levanto cedo e vou trabalhar. Mas não é fácil conseguir uma oportunidade por aqui, principalmente para quem busca o primeiro emprego. Apesar das dificuldades, percebo que as coisas melhoraram nos últimos tempos, pois consigo acessar escola e serviço de saúde para o meu filho bem perto da minha casa”, comenta.

O surgimento dos subcentros também estão presentes na fala da Silvana. Ela é consciente da sua participação na economia local e das facilidades que o crescimento comercial nos bairros proporciona aos moradores. “Eu compro no Major Prates, é um lugar que virou quase um centro. Como fica bem próximo da minha casa, facilita. A cidade cresceu e melhorou muito, antes não tinha quase nada por aqui”, resume.

Tradição

Outro movimento de grande relevância para o município é o Cultural, com a participação dos grupos tradicionais como os Caboclinhos, Marujada e Catopés. Além dos integrantes, existem aquelas figuras que incentivam e auxiliam na permanência da tradição. O Fernando Aguiar (34) é designer e arquiteto e doa seu tempo para a Marujada, como músico, no intuito de preservar a tradição.

Ele conta que sempre foi fascinado pela música e aprendeu a tocar o cavaquinho. Foi até a casa de um dos integrantes do grupo sendo muito bem acolhido. “São pessoas muito simples que pertencem a um movimento tradicional que não pode acabar. Ainda vemos muita falta de incentivo por parte de alguns governantes com estes grupos folclóricos, eles são lembrados apenas nas temporadas de festas”, salienta.

Por se orgulhar das tradições da cidade onde nasceu, Fernando se dedica para que ela permaneça e continue. “Montes Claros é a representação do nosso sertão e tem nela impregnada a arte a cultura. Por isso faço parte deste movimento que ajuda a mover a cidade”, diz.

Resistência

Levantar às 04h30min da manhã e ir para o mato colher pequi é um ato de resistência que exige sacrifício e que permeia a vida de muitas famílias no Norte de Minas. Como é o caso da Emerita, citada no início deste artigo. Ela trabalha com a venda do fruto do cerrado há 10 anos, numa banca que fica na Avenida Cula Mangabeira, região central, mais uma das moradoras da cidade que movem a economia local.

Segundo ela, com a renda da safra do pequi, que vai de outubro a fevereiro, é possível manter as contas em dia e alimento para a família que duram o ano inteiro. “Eu tenho muita vontade de trabalhar, de lutar e prosperar, acredito que sempre dá para melhorar. Eu consigo pagar a alimentação e as despesas de todo o ano com a venda do pequi. Compro os alimentos e estoco em garrafas para que possam durar”, explica.

Emerita diz ter orgulho de ser montes-clarense. “Eu gosto demais daqui, é um lugar bom e sossegado de um sol maravilhoso! É uma fartura de frutos do mato... nosso cerrado é uma riqueza”, descreve.

Quem movimenta a cidade são as pessoas! Esta é a homenagem do buscaqui.net para todos os moradores de Montes Claros que ajudam a cidade a crescer e impulsionam o seu desenvolvimento.

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