TECNOLOGIA: LGPD AINDA É POUCO CONHECIDA
Poucas
pessoas conhecem ou sabem afirmar o que é a LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados, que foi sancionada em
agosto de 2018 e que estabelece regras sobre coleta, armazenamento, tratamento
e compartilhamento de dados pessoais e que impôs mais penalidades a quem ao não
cumprimento dela. Diante da falta de conhecimento muitos usuários demonstram dificuldades em procurar ajuda ou amparo jurídico quando tem seus direitos
violados na grande rede.
A
digitadora Lyse Vânny Silva, 51 anos, por exemplo diz que tem pouco ou nenhum
conhecimento sobre a quem recorrer neste caso. “A gente sabe que existe a lei há pouco tempo. Mas não temos
conhecimento de nenhum dos detalhes dela e tampouco sabemos a qual setor do
direito podemos recorrer se precisamos acioná-la”, salienta.
Mas,
a grande surpresa é que a LGPD, como é comumente conhecida, também não tem sido
alvo de prioridade da maioria dos profissionais do setor jurídico. Segundo o Censo
Jurídico produzido
pela empresa de tecnologia para o setor ProJuris, 60% dos profissionais da área
jurídica afirmam não ter ou ter pouquíssimo envolvimento com a nova lei,
embora, na contramão dessa informação, pelo menos 20 % admitam quem a questão
da proteção de dados é uma tendência mundial.
Para
a advogada Paula Veloso, o caminho para entender e se adequar ainda é uma
incógnita para a maioria dos profissionais: “Temos ainda pouco conhecimento
sobre os trâmites da lei, sendo que em alguns casos nem mesmo à jurisprudência
foi ainda estabelecida” afirma.
Megavazamento
Recentemente cerca de 223 milhões de brasileiros tiveram seus dados circulando na internet sem sua autorização, crime que ficou conhecido de megavazamento na obtenção e divulgação de informações pessoais. Paula afirma que o crime foi um exemplo de como a LGPD ainda engatinha no país. “É preciso investir em informações sobre cibersegurança e avançar nas proteções legais, pois, o crime de magavazemento revelou o quanto somos frágeis”, disse.
A
falta de aparato para os próprios profissionais da justiça é vista como um dos motivos da desinformação para lidar com os casos
de crimes da internet. O Censo Jurídico 2021 também avaliou o uso de
tecnologias na área jurídica. De acordo com o levantamento, mais de 60% dos
entrevistados na pesquisa não usam software para monitorar as publicações e nem
tampouco tem apps à sua disposição para agilizar as tarefas e comunicações
entre si.
A advogada Flávia
Moreira,
especialista em direito trabalhista e tributário, afirma que alguns passos importantes estão sendo dados para que o
usuário possa resguardar seus dados e ter mais cautela ao fornecê-los na
internet.
“Os profissionais que utilizam cadastros obrigatórios,
newsletter e outros mecanismos de coleta de dados de clientes deverão
preocupar-se com o consentimento dos donos desses dados, informando-os a
destinação das informações e dando a oportunidade ao cliente, inclusive, de
recusar-se ao fornecimento dos seus dados pessoais. É uma nova dinâmica que
visa aumentar a proteção de informações pessoais de terceiros, no que se refere
à coleta, armazenamento e ao uso dos dados” explica.